Um Matuto na Cidade | CORDEL

Autor Carlos Silva - 12/02/2020




Tava eu ali sentado
com jeito intelectuante,
me poseando de bunito,
com cara de elegante,
Cabelo bem penteado,
bigode inté aparado
com pensamento avuante


Ia lá gente prum lado,
outros para cá chegava,
um com jeito disconfiado
de longe logo me olhava
eu tava ficando puto,
com meu oiá de matuto
pro outros eu incarava.


Ô gente disconfiada,
é gente da capitá,
não confiam em ninguém
nem pensam se aproximar
isso é vida de cão,
garanto que no sertão
iriam se admirar.


Lá Francisco me conhece
e eu conheço todo mundo,
violeiros cantadores
os lotes de vagabundo,
a gente se reunindo,
proseando e discutindo
com sentimento profundo.


Homi quá fico aqui nada,
o que foi que vim fazer,
deixo esse povo agora
com este fraco proceder,
no fundo são uns coitado,
com medo de ser roubado,
nem querem me conhecer.


Quando eles aprenderem
a ser gente de verdade,
vivendo dignamente
com toda simplicidade,
ai será deferente,
me misturarei a essa gente
e viverei na cidade.


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