RAGA CHUVA
Autor Carlos Silva - 4/30/2013
O dia hoje despertou meio nublado,
olhei para os dois lados
vi então que vai chover,
senti a brisa
balançar minha camisa
céu mudando suas cores acabando o meu sofrer.
Senti o cheiro
que o bom vento trazia,
as nuvens em alegria
engordavam pra molhar,
e de repente
um papoco muito forte
abalou de sul ao
norte
o trovão anunciar.
Raios dançando
cortando escuro céu,
rasgando feito papel,
o
espaço a iluminar,
lá vem à chuva,
Deus ouviu a minha prece,
pra este chão que
merece
ver o seu sertão molhar.
Corre Maria
bota o balde na biqueira,
prepara, pois é
certeira
essa anunciação,
traz a gamela
o pote e o túnel
vai cair não a granel
muita chuva aqui no chão.
E pouco a pouco
o dia foi escurecendo
o gado ia percebendo
a
hora da molhação,
os passarinhos
festejando no seus ninhos
celebrando ao seu
contento
vai ter água no sertão.
O sabiá
o coleirinha e o bem-te-vi
anunciavam por aqui
em
cantos angelicais,
corre cotia,
paca sapo e jabuti,
periquito e javali
á
alegria é demais.
Velho sorrindo
ao bom Deus agradecendo,
sua prece oferecendo
em fiel viva alegria,
moço, menino,
senhora, padre e viúva,
gritava lá vem à
chuva
acabou nossa agonia.
Um vento forte
sacudiu a bananeira,
balançou pé de aroeira
fez
dançar jequitibá,
pé de coqueiro
bailando feito menino
riqueza do nordestino
é
ver vento assobiar.
Pato, galinha
vai ciscando no terreio
o bode pai de chiqueiro
berra alto tão feliz,
porco grunhindo,
cachorro já tá latindo
a mimosa tá
mugindo
canta forte uma perdiz.
Desceu o raio
gritou forte o trovão
deu um estalo no sertão
que o mundo sacudiu
caiu a chuva
Deus abrindo a torneira
tornou a vida festeira
e a comporta se abriu.
Tudo é festa
alegria crença e dança,
sertanejo tem
esperança
nunca perde sua fé,
em Deus
bom pai,
em oração ele vai,
tomba aqui
mas nunca cai,
tá pro que der e vier.
Rio correndo
tanque enchendo se banhando,
ribeirão tá
transbordando
pra melhorar nossa sorte,
faz-me lembrar
de repente num lampejo
disseram que o sertanejo
é antes de tudo um forte.
0 Comentários