Autor Carlos Silva - 9/10/2021


QUE GRITO É ESSE?

O meu grito ecoa  cultura, espalha saberes num verso cantado. Tá no toré tupinambá  no samba de roda quilombola de massarandapió, no canto da rezadeira, nas mãos artesãs de Mestre Vitalino, ou Nho Vicente. Tá na iguaria de Sinhá Tereza, no canto da cambinda Raquel Trindade, nas escritas sinceras de Carolina de Jesus, no rito afro de Pai Joaquim, na capoeira de Moa do Katende, nas ladeiras e nas escadarias do Bonfim, tá no prato e no trato do aberto sorriso de quem ama, respira e come cultura.Tá no sambador do reconcavo, na xilografia de Natividade,  nos versos rimados de Bule bule e na chula de Sodré, no expressar de Riachao e na alvorada de Cavachao, lá da pátria dos vaga-lumes, terras do Coronel Geronimo Ribeiro.
Tá nos gracejos de Santeiro, nas malas de Jurivaldo, e no X de Maxado. Tá no dizer de Kitute e na voz de Nivaldo fazendo Cruz gritando oxe oxente.
Tá no acaraje da Dinha e nas contas coloridas da baiana. Tá mira de Lampião, tá no Cariri cangaço, e nas grotas lá de Angico, nas preces de Padim Cico, nos versos dos cordelistas, Tá no feijão de Abdala, tá no clube da Segunda onde Boquinha vendia gás, tá no drible de Sevilho e nos mais de 105 de Dona Belinha.
Tá no gingado da morena do Garcia e na rezaria de Cachoeira. Tá no olhar de Dulce zelando dos pobres, e na crença de quem tem fé, mas também tá em mim, em você e em todos nós, herdeiros do legado dos nossos ancestrais...

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