Cordel, Caminhos em poesia
Autor Carlos Silva - 5/10/2018
LITERATURA DE
CORDEL
Carlos Silva
CAMINHOS EM POESIA
Um
dia, pensei comigo
Deixarei
de ser poeta
E
a frase mais correta
Que
direi a um amigo
È
que tive por castigo
A
rima tão companheira
Subi
e desci ladeira
Com
um verso em meu peito
E
sempre que tinha jeito
Abraçava
o violão
Entoava
uma canção
Dava
um mote perfeito
Procurei
por tanta gente
Que
não quis me procurar
Nem
se quer quis escutar
A
minha loa plangente
Com
jeito bem “agrestente”
Eu
disse: sou cantador
Me
escute por favor
O
meu verso sertanejo
Parece
ter um lampejo
Do
grito de Lampião
Isso
é coisa do sertão
Tudo
que olho a rima vejo
Mas
eu cá fico calado
Vendo
versos avoar
Muita
gente prosear
Mas
estão bem ocupado
De
ouvir o meu recado
O
meu modo de cantar
A
rima pode ser torta
Mas
pretendo consertar
E
se assim ela torar
A
estrada fica comprida
Mas
guardo na minha lida
A
vontade de “amostrar”
São
cantantes os meus versos
Turvos
são os meus recados
Se
deixo alguns avexados
Vuando
noutros universos
Como
nos gestos reversos
Estendo
a minha desculpa
Da
alma que guarda a culpa
Do
verso de um trovador
Um
violeiro cantador
Das
modinhas do sertão
Cantadas
com o coração
Versadas
com muito amor
Assim
sou nobre Brasil
Um
filho deste torrão
Cuja
bela profissão
È
ser um tanto arredio
Mas
com amor bem varonil
Debulhando
a rimagem
Retratando
em mensagem
Para
muitos escutar
A
trova que vou cantar
Em
verso rima ou loa
Creia
que não é a toa
Minha
maneira de versar
Não
nasci pra puxar saco
De
féla da puta nenhum
Não
sou de tal tumtumtum
Sou
forte pra não ser fraco
Fundura
é pouco buraco
Cara
feia pra mim é fome
Carlos
Silva é meu nome
Sou
paulista abaianado
Canto
xote e xaxado
Fui
criado no agreste
Sou
também cabra da peste
Sujeito
bem despachado
E
quem não gostar de mim
Nada
eu poderei fazer
Trate
então de viver
Vá
plantar noutro jardim
Pois
meu verso é assim
Não
exprime falsidade
Sou
matuto na cidade
Cantador
e cordelista
Trago
n’alma de artista
A
prosa do cantador
Aluno
e não professor
Mas
de cunho realista
Sou do mangue e da favela
Do asfalto e do torrão
Piso firme nesse chão
Inventando aquarela
Pois a vida é tão bela
Fellini Assim afirmou
A real ele mostrou
No mundo da fantasia
Despejar a alegria
Esquecendo a maldade
Que o Homem por crueldade
Tanto praticou um dia
Piso forte nesse chão
Pois sei que ele é meu
Meu verso não se rendeu
Nem em troca de um pão
Já convivi com ladrão
Que
queria me roubar
Cansei
de acreditar
Em
promessa deslavada
Hoje
sigo minha estrada
Com
a fé no Deus divino
Mas
ainda sou menino
Seguindo
minha jornada
Já
usei terno e gravata
Tentando
sobreviver
Sufoquei-mepra
valer
No
meio daquela nata
Mediocridade
chata
Em
busca do tal salario
Que
oprime o Proletário
Impedindo-o
de pensar
Muitos
para comandar
Estes
nossos curtos passos
Em
meio aos embaraços
Resolvi
me libertar
E por aqui vou ficando
Sem causar constrangimento
Não gosto de fingimento
Quero estar colaborando
E assim eu vou trovando
Com respeito e com verdade
Quem gosta de falsidade
È morto que não tem vida
È fraco podre na lida
Não diga que é poeta
Tua língua é a seta
Da rima pobre e perdida
Sem causar constrangimento
Não gosto de fingimento
Quero estar colaborando
E assim eu vou trovando
Com respeito e com verdade
Quem gosta de falsidade
È morto que não tem vida
È fraco podre na lida
Não diga que é poeta
Tua língua é a seta
Da rima pobre e perdida
Carlos
Silva – poeta cantador.
Conselheiro
Estadual de Cultura da Bahia
Com
mais de quarenta livretos de cordéis lançados, o musico e poeta segue espargindo
sua vivencia na literatura, executando seu versar por todo país.
Ministra
oficinas de cordéis, e palestras envolvendo a literatura acadêmica e a
literatura popular.
Com presença marcante em várias jornadas pedagógicas, empunhando seu violão e seus versos no embornal da poesia que tanto inspira e alegra o cantador.
Com presença marcante em várias jornadas pedagógicas, empunhando seu violão e seus versos no embornal da poesia que tanto inspira e alegra o cantador.
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