Caldas de Cipó | CORDEL

Autor Carlos Silva - 5/10/2018

 

Memoráveis tempos idos
Onde a historia registrou
Num passado tão bonito
Para quem vivenciou
O inicio, a descoberta.
Onde o tempo revelou



Nas margens do grande rio
Itapicuru chamado
Um caçador bem atento
Ao longo do seu andado
Atirou assim num pássaro
Numa árvore, pousado

Mas algo inesperado
Chamou-lhe a atenção
Barulho de água jorrando
Naquela mesma direção
De temperatura quente
E gosto estranho meu irmão

Percebeu o cipoal
Naquela vegetação
Enormes árvores de cipó
Naquele rígido torrão       
Era ali que começava
Uma nova historia então

Pra itapicuru da missão
O caçador então seguiu
Logo espalhou a noticia
Das águas que descobriu
Indicou o local exato
Conforme seu olhar viu

A lenda então se fez
Pois faz parte da historia
E então a nossa cipó
Viveu seu tempo de gloria
O poeta raniery caetano
Expandiu nossa memória

 

Cipó em tupi guarany
É mãe, água e nascente,
Fonte, também quer dizer
Só pra refrescar a mente
Eis então a tradução
Revelada minha gente

Cy é igual á mãe
Ypó conforme dito
Formam o nome da cidade
E assim então reflito
Mãe d’agua veja, seria
Nesse linguajar bonito.

Em 1730
Donatário de uma sesmaria
O padre antonio freire
Uma representação dirigia
Ao vice-rei do brasil
Contando o que acontecia

Mas só em 1829
O governo da província mandou
Construir uma área de banhos
E isso se consolidou
O capitão- mor joão dantas
Essa ordem acatou

E em 1833
La nas fontes da missão
Da saúde acontecia
Aquela obra em conclusão
Próximo á vila de itapicuru
Fizeram a inauguração.

O rio itapicuru
Este rio brasileiro
Banha o estado da bahia
Alegrando o povo inteiro
Nasce lá em piemonte
Chapada solo verdadeiro
 
Ele já teve outro nome
De são jerônimo foi chamado
No período colonial
È o que tá registrado
Segue o sentido oeste leste
Nosso rio admirado

Em 1831
Pela lei provincial
Mandaram ali construir
Relata a história afinal
Pra atender aos doentes
Que chegassem ao local

Em busca de tratamento
Uma casa de abrigo só
Que receberia o nome
De mãe d’agua do cipó
Atendendo quem precisasse
Curar males de dar dó

Por sua riqueza hídrica
Com valores naturais
As águas utilizadas
Para fins medicinais
Ajudaria aquele povo
Para aliviar seus ais.

Por volta de 1843
Algo mudava então
Construíram outro espaço
Chamado casa da nação
Depois foram abandonadas
Devido à enchente no sertão

Queriam construir um balneário
Foram varias tentativas
Só em 1928
Após conversas ativas
Foi concedida a exploração
Das águas em eras altivas
 
Isso em 19 de março
28 era o ano
Vou relatando em verso
Sem temer nenhum engano
O progresso traçaria
Pra cipó um novo plano

No dia 8 de julho
De 31 meu prezado
Categoria de município
Cipó então foi elevado
Pelo decreto estadual
7479 registrado

Cipó era de nova soure
Veja bem, meu pesquisado
Que me revela a historia
Nesse conhecer buscado
Fazia-se á tempos atrás
Desta cidade o povoado

Ainda com este decreto
Foram então “ajuntados”
Os municípios vizinhos
Estavam então incorporados
Ou de forma mais plausível
Á cipó anexados

Saibamos então as cidades:
Nova soure e as ribeiras
Do pombal e do amparo
Tucano terras festeiras
Até hoje irmanadas
Com afeições verdadeiras

Os decretos assinados
Pelos poderes estaduais
Davam então autonomia
A estas 3 cidades tais
Tucano,pombal e nova soure
Assim foi, e outras não mais

Nova soure porém perdeu
Toda área necessária
A formação de distrito sede
De cipó em forma agrária
Tendo sua autonomia
Viver nova fase etária

Por não ser emancipado
Amparo se tornaria
Município de cipó
Até que chegasse o dia
Da sua emancipação
De certo aconteceria

Cipó, ribeira do amparo
E heliópolis também
Compunham os 3 distritos
Assim a historia convém
Repassar para o povo
O valor que estes têm

16 de maio de 35
Um novo avanço afinal
Cipó teria se tornado
Em estância hidro mineral
Uma conquista pra sua gente
Um patrimônio nacional

O coronel genésio sales
Sofria de ulcera estomacal
Isso em 1906
Veja o fato afinal
Construiu um grande chalé
Perto da fonte termal

Aconselhado por um amigo
Para tentar se curar
Em mãe d’agua de cipó
Ele foi experimentar
E de certo se deu bem
Por ali, a se tratar.

Não fosse o genésio sales
Provocar a politicagem
Não teria então saído
A nossa bela rodagem?
De alagoinhas a cipó
Ai seria sacanagem

Em 1926
Ele fez uma viagem
Cortando grotas, barrocas
Sem temer nem a visagem
Arrebentou o carro todo
Forçando nova estradagem

A imprensa do nordeste
Deu grande publicação
Sem uma estrada decente
Pras bandas deste sertão
O esforço de genésio
Deu grade repercussão

Do governador, porém
Isso chamou sua atenção
Mandou logo concluir
A estrada em questão
A luta do bravo genésio
De certo não fora em vão.

Em 1928
Algo acontece na verdade
O chalé foi transformado
No primeiro hotel da cidade
Com o nome batizado em
Hotel termal na realidade

Aberta concorrência publica
Para a chamada concessão
Iniciou suas atividades
Atendendo a população
Lotado no arraial
Servindo á população
 
19 de março de 28
Concedida a permissão
Podia-se fazer das águas
A chamada exploração
Nas fontes termais dali
Tudo estava em expansão

Onde havia banheiro de palha
Fez-se moderno balneário
Composto de uma piscina
De água quente que hilário
Genésio dali então era
Um tão prospero empresário

Consultório, sala de espera
De tratamentos diversos
Instalações sanitárias
Tudo eu revelo em versos
Era um sonho no sertão
Recriando universos

Piscina de água quente
Coisa que nunca se viu
Porque esta era a primeira
Que existia no brasil
Grande empreendimento
Neste solo varonil

Veja só por onde vai
Nossa historia seu menino
Falando do solo fértil
Deste lado nordestino
Recebemos a visita
Do capitão virgulino

Em 1930
Um bando de lampião               
Assustava os banhistas
Naquela ocasião
Causando assim prejuízos
Afastando o povo então

Mas o tempo foi passando
O lampião se apagou
Nossa gente então sabendo
Frequentar logo voltou
Usar as águas termais
O povo se alegrou

Então o rádium hotel
Em 38 inaugurado
O movimento era grande
E muito bem frequentado
Vinha gente de todo canto
De outros países registrado

No seu anexo existia
Um fabuloso cassino
Onde os hospedes frequentavam
Sem o menor desatino
Era a nossa las vegas
No coração nordestino

O numero de turista crescia
A cidade desenvolvendo
O turismo era a fonte
Da bela cipó crescendo
Por boa parte do mundo
Todos foram lhe conhecendo

O presidente getúlio
Dorneles vargas de certo
Conheceu esta cidade
E seu cassino de perto
Um oasis brasileiro
Já não era tão deserto

No dia 23 de julho
Do ano de 52
Comentarei a historia
Não vou deixar pra depois
Foi construído o grande hotel
Foi nessa data? E apois...

Elefante branco da terra
Assim o povo chamava
Mas a sua construção
Todo mundo admirava
E getulio satisfeito
O povo todo lhe abraçava

Era baile, era cassino,
Por ali só alegria
Eram os tempos de gloria
Que imperavam na bahia
Não sei se tinha cantadores
Com repente e cantoria

A construção é imponente
De longe logo se avista
Uma beleza antiga
Nesse meu ponto de vista
O arquiteto era um mestre
Ou um verdadeiro artista

 

Eram cascatas e piscinas
No subsolo do hotel
Veja como é bem rica
A pesquisa no papel
Que em verso eu derramo
Na poesia de cordel

Hoje por aqui passando
Contemplei com emoção
O prédio tão solitário
É de cortar o coração
A cultura de um povo
Esquecida no sertão

Mas eu também acredito
Na revitalização
Reerguer a nossa historia
Com toda dedicação
Cipó merece respeito
Creia nisso cidadão
 
O iphan está ai
Pois então vamos lutar
E para a sociedade
Esse presente vamos dar
Pois faz parte da historia
E da cultura do lugar

A art déco creia foi
Um movimento popular
Internacional de designer
Veio revolucionar
Os tipos de construções
Decorações a contemplar

De 25 a 39
Foi o tempo que durou
E aqui no grande hotel
Ela se perpetuou
Fazendo parte da historia
Que o tempo não apagou

Segundo pude pesquisar
Por oito anos seguidos
Foi o tempo que demorou
Pro hotel ser construído
Se não houver um reparo
Logo será destruído

Em pleno sertão baiano
Cercado de muita beleza
Águas de rio correndo
Enfeitando a natureza
O grande hotel se destaca
Entre elegância e grandeza

São águas medicinais
A 35 graus quentinha
No nosso sertão baiano
Nessa terra tua e minha
De canto paz e poesia
Aqui na nossa terrinha

Tem que haver mobilização
E o povo há de cobrar
Se juntos queremos ter
Então temos que lutar
Ver o grande hotel de volta
Pra beleza deste lugar

Voltará renda de fato
O turismo crescerá
E gente de todo canto
Com certeza aqui virá
E nossa caldas de cipó
Muito progresso terá

Revitalizar a praça
O hotel e o cassino
Ver a fonte luminosa
Alegra velho e menino
Ter orgulho da nossa cidade
Neste solo nordestino

Discuta na sua escola
Fale com seu professor
Converse com seus colegas
Mostre a todos o valor
Que a luta é de todos
Quem por cipó tem amor

Agradeço a esta cidade
Por me dar inspiração
Em compor estes meus versos
Em forma de gratidão
Minhas aqui são só as rimas
A historia não é minha não

Em lembrar que pela lenda
Através de um caçador
Esta terra descoberta
Representa luta e amor
Desse povo tão guerreiro
Brasileiro de valor 


Caldas de cipó tem vida
Amor carinho e respeito
Realidade nas lidas
Lutas e sonhos no peito
Orgulho da sua gente
Sorrindo sempre com jeito

Somos todos agrestinos
Isso nunca hei de negar
Lembrança da nossa vida
Valorizamos a lida
A nossa historia é lutar.

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