ESPERANCA E LIBERDADE

Autor Carlos Silva - 12/01/2021

 *ESPERANÇA E LIBERDADE*




Eita amigo, lembra quando tu ias na minha casa e eu ia na tua?

A gente falava de cangaço, das obras de Vitalino, do canto de Gonzagao, das pernas da Brigith Bardot, dos filmes ROLIUDIANO, das presepadas de Mazzaroppi, dos trapalhões e de Chico City com todos aqueles personagens que faziam com que a vida fosse mais riso.


Entre Beatles e o Rei Roberto, de tudo nós ouvíamos pois nos identificavamos como seres livres, pensantes e que via amor em tudo ao nosso redor.

Ate disputamos o amor da mesma garota e para resolver essa questão, nós a deixamos seguir seu rumo pois a nossa amizade era maior e significava muito mais para nós.


Até no torcer pro time do coração, tinhamos a mesma simpatia.

Nossas mães diziam orgulhosas: Esses meninos são mais unidos que muitos irmãos.

Eramos assim, visto por todos com esse olhar e por isso ganhavamos respeito e confiança de todos, e, principalmente de nós mesmos.


Eramos tão unidos que um sentia a necessidade do outro e nos ajudavamos pois eramos de fato irmãos unidos por um amor indescritivel e invejado por muitas familias que queriam que seus filhos se dessem bem entre seus irmãos. Eramos o espelho de uma verdadeira e indissolúvel amizade.


Um dia, tu fostes morar noutra cidade, estudara e tivera uma excelente formação. 

Eu, por aqui fiquei me formei em pedagogia, e casei. Sabe com quem? Com aquela mesma garota que um dia a permitimos viver seu caminho (rsssss) como a vida é engracada ne?


Soube que você estava na cidade e eu me organizava para uma passeata junto a alguns membros do partido pois estavamos em campanha eleitoral.


Ao me ver, você veio ao meu encontro e ao notar que eu vestia uma camiseta com palavras de ordem progressistas, você torceu a cara e eu vi que o seu semblante mudou (pois eu te conhecia muito bem).

Vc ja foi dizendo QUE PALHACADA É ESSA?

Você ainda defende esse partido, vai votar nesse idiota, nesse canalha, corrupto ladrão do povo?


Vi a transfiguração no teu rosto, tentei argumentar, mas você estava irredutível e irreconhecível. Não... você nao era mais o cara que pichavamos muros e faziamos o povo ter consciência de escolhas que achavamos as mais acertadas para nossa cidade pro nosso estado e pro nosso pais.


Me insultou na presença de todos, humilhou-me com palavras horríveis chamou-me de alienado, burro, ignorante, despolitizado. 

Vi uma fúria estampada no teu rosto, um brilho de ódio no olhar.


Tu eras agora um Doutor, (teu meio social era outro, Teus amigos eram outros e a tua vida era outra).

Nao houve um abraço de despedida como antes, nao houve o riso e só as minhas lágrimas prantearam meu rosto a ponto de dizer: "PREFERIA 

MORRER NESSE MOMENTO DO QUE PERDER A MAIOR AMIZADE QUE TIVE EM MINHA VIDA"


Nunca em nada divergiamos, mas apartir daquele momento (não por mim) tornavamos os maiores inimigos que aquela cidade tivera um dia o privilegio de elogiar e que um dia tanto nos viu sorrir) hoje me viu chorar de incontida tristeza.


Voltei pra casa, a cidade toda ja comentava o ocorrido lamentando tal situação.


Fiquei sabendo que voce voltou pro seu mundo. E eu continuo aqui no mesmo lugar tentando dar ao povo O que Eles nunca tiveram: ESPERANÇA E LIBERDADE.


Mas sem aceitar que por uma ideologia  politica, ou por uma escolha, pudesse ver uma amizade se acabar de forma tão triste.


Eu ainda penso em ti amigo, mas só daqueles momentos que as cores de um partido nao dividiam nossas alegrias.


Carlos Silva

  • Compartilhe:

Veja Também

0 Comentários