"Quando a gaveta não abriu" De: Carlos Silva.

Autor Carlos Silva - 11/12/2022

LITERATURA DE CORDEL, POETA CARLOS SILVA

 

“QUANDO A GAVETA NÃO ABRIU”

 

Eita pedaço de chão

Cheio de brasilidade

Onde nossa vida busca

Conquista e felicidade

Mas as vezes tudo muda

Essa é a realidade

 

Quem dera nós pudéssemos

Transformar a nossa lida

E fazer desses caminhos

Por essa terra querida

O mais sublime viver

Dessa nossa vasta vida

 

Digo isso pois me lembro

De tudo que me aconteceu

Das coisas que eu já tive

E que o destino me deu

Em algumas me negou

E esse peito aqui sofreu

 

Mas tudo na vida se vai

E não podemos reclamar

O que passou já passou

E nem mesmo é bom lembrar

Para que não fique magoas

Plantadas pra reclamar

 

Mas preste atenção nessa história

Que vou lhes contar de repente

Pois ela pode até de ter feito

Parte da vida de muita gente

Então ouça o meu traçado

Que em verso faço brevemente

 

 Um dia me disseram assim

Nós todos vamos tirar

O Brasil da gaveta

E eu fui acreditar

Procurei uma duas três

Nem quiseram me escutar

 

Ou a gaveta tava travada

Ou só peixes ali abria

Confesso não entendi

Essa tal filosofia

A gaveta que eu tentei

Para mim não se abria

 

Insisti tentei de novo

Fui tentando descobrir

Por que a gaveta abre

E eu não consigo abrir

Resolvi deixar de lado

Quebrei a chave e partir

 

Tirar o Brasil da Gaveta

Sem chances para mostra-lo?

É preferível, confesso

Num cantinho reserva-lo

Pois ao descer a ladeira

Os sonhos pegam o embalo

 

Escreva pinte componha

E corra pro mei da feira

É lá que está quem te ouve

Com toda atenção verdadeira

A gaveta? Deixe pro lado

Não se iluda com besteira

 

A gaveta estando aberta

Engole qualquer cidadão

Não adianta reclamar

Ou implorar e pedir perdão

Pois a palavra não mais ecoa

Nem dentro ou fora do caixão

 

Que os versos amontoados

Que na gaveta guardei

Se dependesse de alguns

Que com as verdades deparei

Por estes tenho certeza

Esta eu nunca abrirei

 

Avoa ave cantante

Me espere nalgum lugar

Quem sabe um dia possamos

Um dedo de prosa trocar

Esqueçamos a gaveta

Deixemo-la em seu lugar

 

Confesso não vou chorar

Nem tão pouco mal dizer

Podia ser diferente

Bastava você querer

Voce não quis e foi-se embora

Mas eu jamais vou te esquecer

 

Quebrei a tranca e joguei

A chave longe de mim

Se a gaveta não se abriu

Veja que não foi ruim

Eu continuo cantando

E cantarei até o FIM

 

 

Carlos Silva

 



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