Cordel de Acajutiba

Autor Carlos Silva - 5/10/2018


LITERATURA DE CORDEL
Carlos Silva
CIDADE DE ACAJUTIBA



“Cultura de cambarás e cajueiro”

Bahia terra querida
Em verso tanto falada
Pelos maiores poetas
Fora sempre declamada
Dai-me a inspiração
Pra seguir nessa jornada
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Empunhando na poesia
Este meu lado tão forte
De certo cá pesquisando
No meu contexto de sorte
Pra retratar um pedaço
Desse meu litoral norte
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Em 1914
No povoado de CAJUEIRO
Haviam ali 20 casas
De um povo simples ordeiro
Formavam uma comunidade
Com jeito simples faceiro
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As pessoas atraídas
Por terras de fertilidade
Aqui chegaram povoando
Com luta sonho e vontade
Desbravadores de sonhos
Buscando felicidade
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Em 1907
Surgem os trilhos da viação
Férrea federal Leste Brasileiro
Ligando com precisão
Nosso pequeno povoado
Com a capital então


O comercio desenvolveu
Com muita velocidade
Afinal era o progresso
Que avançava de verdade
O povoado crescia
Visando felicidade
*******************

Quando era arraial
Ou povoado de CAJUEIRO
Pertencendo á VILA RICA
Que em fato verdadeiro
Esse Município foi extinto
Meu Relato é certeiro
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Este ultimo criado
Pela Lei estadual
278
26 de Agosto afinal
De 1898
Esta pesquisa é real
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Com sede no Distrito de
BOM JESUS que foi criado
Pela Lei Estadual
245 pesquisado
4 de julho de 1898
Assim está registrado
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O município de VILA RICA
Extinto pela Lei estadual
4.4.2. de 28 de Agosto
De 1901 é real
Restaurado pela Lei 983A
Assim pesquisei afinal


Era 04 de Agosto de 1913
Que isso aqui acontecia
Em 14 de maio de 1918
A sede de VILA RICA mudaria
Para a povoação de CAJUEIRO
Ela então se transferia
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Pela Lei numero 1236
CAJUEIRO foi elevada
A categoria de Vila
Em 1918 registrada
Então era oficial
Essa decisão tomada
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Pela lei numero 1941
O Distrito foi criado
22 de Abril de 27
Faço-lhes o anunciado
Pois a pesquisa revela
No presente o passado
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Dividindo-se em dois
O Distrito de BOM JESUS
Busquei sempre obedecendo
O que a historia reluz
Nos frutos da poesia
Que a inspiração traduz
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E vem outras alterações
Por Decreto estadual
7455
23 de junho e é normal
7479 8 de julho
Do ano de31 e tal


VILA RICA Extinto é anexado
Ao município de ESPLANADA
Mudanças aconteciam
De forma acelerada
O progresso meu irmão
Não tem tempo de parada
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O Decreto 9673
13 de Agosto de 35 era o ano
O Distrito de CAJUEIRO
Digo sem temer engano
Passa pertencer ao CONDE
Sem apurar nenhum dano
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O Distrito de CAJUEIRO passa
Ao Domínio do Município de Esplanada
Era 1937
Assim a historia é contada
Pra que você compreenda
Toda mudança registrada
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Decreto estadual 12.978
De 1º de Junho anotado
De 1944
CAJUEIRO é alterado
Pro nome de ACAJUTIBA
Nessa data foi mudado
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Lei 50528 de novembro
Do ano de 52
O município foi criado
Nessa data e não depois
Atenção pra não botar
O carro diante dos bois


Nessa mesma data foi
ACAJUTIBA desmembrada
Ou seja não pertenceria
Mais ao domínio de ESPLANADA
Tornando-se independente
Seguindo sua própria estrada
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Em 07 de Abril de 55
Teve então o começo
Funcionamento do município
Versando assim eu teço
E pesquisando na historia
ACAJUTIBA enalteço
*******************

Em 1950 quando era
Município de ESPLANADA
ACAJUTIBA era assim
Conforme recenseada
População bem pequena
Assim lide e anotada:
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9643 habitantes
4591 sexo masculino
E 5052 então
Assim do sexo feminino
Tinha mais mulher que Homem
Naquele tempo seu menino
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São histórias de um tempo
Da sua povoação
O começo de uma cidade
Com muita dedicação
Lutando pra conquistar
Seu espaço em questão


Suas festas populares
Seguindo na tradição
Dia 02 de Fevereiro
Tem festança nesse chão
O povo brinca a noite inteira
Agradece a padroeira
De acordo a devoção
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Nossa Senhora das Candeias
É a santa protetora
Do povo que acredite
Com sua fé promissora
Sobem fogos e rojões
Dessa gente batalhadora
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Entre cânticos e louvores
Saem nas ruas em procissão
Despertando em alvoradas
Sua santa em devoção
Deus te guie ACAJUTIBA
Em perfeita união
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E assim vou finalizando
Pedindo aos professores
Que ajudem difundir
A cultura em seus labores
O que escrevo no papel
São meus versos em cordel
Rimas com cheiro de flores
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Quem nasce em ACAJUTIBA
É um Acajutibense
Quem nasce ali no CONDE
Com certeza é Condense
Quem nasce em ESPLANADA
Digo que é Esplanadense
E ACAJUTIBA de hoje
Como será que está vivendo?
O progresso cem chegando
Por aqui acontecendo
A tendência meus amigos
É vê-la sempre crescendo
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Educação e cultura
Estão assim irmanadas
O povo é bem festivo
Receptivos e camaradas
ACAJUTIBA é uma cidade
Dentre muitas admiradas
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Rebusquei sua história
Com respeito e dedicação
Agora agradecendo
Cumpro aqui minha missão
Espero que os versos cheguem
Ao núcleo de educação
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Para que futuramente
Muitos poetas apareçam
E falem da sua cidade
E desta nunca se esqueçam
Pois ficará na memória
Não importa o quanto cresçam
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O nome de fundação
Que “batizaram” primeiro
Para abrigar os feirantes
Na sombra o dia inteiro
Tinha aqui nos arredores
Um frondoso Cajueiro


ACAJUTIBA

“Cultura de cambarás e cajueiro”
Teodoro Sampaio informado
Disse que é o que significa
O nome aqui citado
Da bela ACAJUTIBA
Na historia assim gravado
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Nessa pesquisa viajei
No belo tempo passado
Antônio Calazans de Souza era
O prefeito aqui registrado
Nos tempos destes escritos
Que aqui ficará lembrado
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Em outra oportunidade
Narrarei tempos atuais
Mas a intenção do trabalho
É levar aos colegiais
Lembranças dos tempos idos
Estes sei, não voltam jamais
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Mas isso então ficará
Pra outra oportunidade
Aqui descrevo o passado
E a evolutividade
Da historia pesquisada
Em poesia traçada
Enaltecendo a cidade


Hino do município de Acajutiba
Letra por José Milton Ferreira
Melodia por José Milton Ferreira/José Belarmino Pires
Não tens o ouro nem a prata lá das minas
Nem os heróis que combateram com louvor.
Mas tens um povo que labora e te estima
Te elevando com orgulho e com fervor.

Quero cantar Acajutiba
Pelos teus campos
Tuas praças e tuas tardes
Nossa expressão de amor sereno
Pelo que foi pelo que és
Pelo que dás.

Deixa meu canto expressar toda esperança
De ver-te assente entre as grandes da nação
E meus esforços sirvam sempre de impulso
Pra eternizá-la em cada mente e coração.

Entregarei os meus empenhos, se preciso.
Pra defender-te na alegria e na dor
Perenemente levarei sempre comigo
Teu jeito simples do querido interior.









Com toda a gratidão
Aqui quero registrar
Rebusquei nessa pesquisa
Lutando pra encontrar
Oque a historia nos diz
Sobre este belo lugar

Salve salve Acajutiba
Iluminada nossa gente
Lutadores pela vida
Valorizando a lida
Agora, e para sempre.


Fonte de pesquisa:
Biblioteca dos municípios volume XX
Rio de Janeiro 1958

Colaboração para esta pesquisa: Cesar e Dona Joana Soares Reis(Quininha de Seu Neném, do Armazém São Francisco em Itamira Bahia).










CD REFEITO1.jpg
CARLOS SILVA – POETA CANTADOR Poeta, cantor, compositor e pesquisador das tradições orais brasileiras. Carlos Silva é um expoente da cultura popular envolvido com a identidade do povo nordestino sertanejo. Através de oficinas para formação de professores o poeta sertanejo divulga a versação como possibilidade pedagógica e multiplica o alcance da poesia popular, tendo inúmeros textos utilizados em ambientes de ensino aprendizagem. Sua atuação artística e autoral carrega jeito simples e gestos nobres dos que entendem a Arte como inerente ao que é humano. Carlos Silva vem da tradição dos menestréis autodidatas que se atreveram ocupar os centros urbanos e impor sua Arte a todos que por eles passam sem, no entanto, perder a sertanidade anímica.
No alforje tem 4 cds gravados, dois livros de poesia, 40 livretos de cordéis de variados temas e documentário sobre Itamira, BA, cidade onde fora criado. Por conta de se fazer militante da cultura, foi escolhido Conselheiro Estadual de Cultura, da Bahia representando o Litoral Norte e Agreste Baiano. Atualmente, prepara novo CD onde abordará outras possíveis vertentes de sua criação artística.

E-mail cscantador@gmail.com -
Rua Nossa Senhora da Saúde, S/N – Bairro Pindobal - Cipó - Bahia
Contato (75) 99269 0497

 


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