Rodilha de Pó | POESIA

Autor Carlos Silva - 12/03/2020



Pedaço de chão batido, restos de coisas jogadas, trapos no meio do nada, sede incessante de ser.

Vida amargada em lembrança, choro azedo de criança, vivendo na beira da estrada, bebendo a secura em não ver.
E este azedume no rosto, é fonte que perde o gosto, no grito abafado medonho, é retidão de fracasso, é luta travada no braço,sepulcro de vida tombada, num quadro esquecido e tristonho.
Sou eu no farejo da lida, lambendo a minha ferida que já se findou cicatriz, é rogo de sina e de luta, trajada feito uma puta,bebida a dizer sou feliz.
de onde me vem remissão, do prato jogado ao chão que um alferes ofertou,contando uma nova lorota, meu cuspe lavou sua bota,que o pó do sertão desenhou.
E assim sob um sonho nutrido, num corpo tão só desvalido, ralhado pedindo clemência, e chora as dores do parto, naqueles seios não fartos, secura da própria existência.
Rompendo a dor e o sorriso, sonhando com o paraíso a boca fechada não come, e já se lhe vem desventura, lambendo a própria amargura, de quem chama a sorte de fome.
São lentos algozes feridos, matando estes desnutridos, de sonhos de paz e de vida, arrancam temores em eito, dilacerando o peito, perdendo as forças da lida.



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1 Comentários

  1. Vamos rompendo a dor com poesias, acalentando nosso ser. O poeta sempre falando por nós.

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