Cordel Rio Real
Autor Carlos Silva - 5/10/2018
LITERATURA DE CORDEL
Carlos Silva
BREJO GRANDE
Há muito tempo atrás
No interior da Bahia
Onde a civilização
Aos poucos acontecia
O tempo passou depressa
Mas a verdade é essa
Que lhes trago nesse dia
De águas boas aqui
Com toda sua pureza
Abastecendo a todos
Dessa nossa redondeza
Não existia outra igual
Neste lugar afinal
Tamanha sua riqueza
Brejo grande conviveu
Com a sua bela historia
Até hoje nosso povo
Guarda em sua memoria
E aquele que não conhecer
Passará então a ter
Clareza da trajetória
Parte do Brejo se foi
Preste muita atenção
Para que possa assimilar
Toda essa alteração
Era a vez do progresso
Refazer todo processo
Surge assim BARRACÃO
Tempos de colonização
Antigos desbravadores
Descendência portuguesa
Tinham assim seus valores
Então vamos aprendendo
A Historia conhecendo
Pelos nossos professores
Em 1855
Conforme lei provincial
Do dia 9 de maio
Cujo numero oficial
Era 538
Digo sem ser muito afoito
Neste meu verso afinal
Fora então elevada
A nova categoria
Agora então conhecida
Sendo assim de Freguesia
E o primeiro Vigário
Nesse meu verso primário
Informarei com alegria
Manoel José Escorrega
Por aqui apareceu
Nossa Senhora
do Livramento
Do Brejo
Grande conheceu
Seu vigário dedicado
À Igreja devotado
O povo bem lhe recebeu
Após os 25 anos
Da elevação á categoria
O povoado de Brejo Grande
Em vila se transformaria
Com o nome de Barracão
Isso aconteceu então
Nessas bandas da Bahia
Resolução 1991
1º de julho de 1880
A Historia me revela
De certo me orienta
E eu vou buscando em verso
Descobrir outro universo
Que a poesia sustenta
Desmembramento aconteceu
Um fato a se relatar
Da cidade de Itapicuru
Passo aqui á narrar
No dia 16 de Maio
Eu da historia não saio
1822 pra acrescentar
A Vila de Barracão
Recebe logo afinal
Um nome mais colocado
Apropriado ao local
O povo todo aceitou
E então se batizou
Cidade de RIO REAL
A Vila de Barracão
Recebe o nome de Rio Real
Decretos que aconteceram
Por intermédio Estadual
7455 e 7499
Pesquise e então comprove
A narrativa afinal
Territórios de Jandaíra
Itapicuru e Cajueiro
Vila Rica também veio
Veja meu verso ligeiro
Na minha rima traçada
Na pesquisa elaborada
De um poeta estradeiro
Tudo na base de Decretos
Para ficar registrado
Oito mil cento e quatro
19 de Julho anotado
1932
Foi esse ano e não depois
Que isso foi anunciado
A Lei 1941
De 22 de Abril de 27
Anexado a Rio Real
Assim a historia me remete
O Município de Vila Rica
Assim então tudo fica
Do jeito que se compete
Numero 8233
O Decreto Estadual
De 27 de Dezembro
Do mesmo ano afinal
Essa é a fonte segura
Que Cria sub prefeitura
De Itapicuru que legal
Decreto 8342
14 de março de 33
Chegava para Jandaira
Sub prefeitura de vez
Era uma nova conquista
Esse é o ponto de vista
Daquele tempo talvez
O município de Itapicuru
Em sede estabelecido
Desmembrado de Rio Real
Fato assim acontecido
27 de maio de 33
Este avanço se fez
Assim está esclarecido
Decreto 8447
Estadual com certeza
Pois assim que era feito
Para dar maior clareza
Em todas as definições
Naquelas ocasiões
Tudo dentro da fineza
A Vila de Rio Real
Eu lhe digo de verdade
30 de março de 33
Recebe foros de cidade
Assim a historia revela
E isso faz com que ela
Tenha mais felicidade
Decreto 10.724
É este que estabelece
CIDADE DE RIO REAL
Este nome engrandece
Na região da Bahia
Conhecida com alegria
Assim o progresso aquece
Restabelecimento em 33
Pelo Decreto Estadual
8464
De Vila Rica afinal
Cajueiro desanexado
1º de Junho é datado
Da cidade de Rio Real
Cajueiro volta integrar
O distrito de Vila Rica
Tanta coisa acontecendo
A historia modifica
Preste muita atenção
Nos decretos Cidadão
Cada data assim indica
Jandaíra
também consegue
Em 1933
Que
informo pra vocês
Em 16
de Novembro
O
Numero ainda lembro
Mas
anote de uma vêz
8703
Desmembrado
de Reio Real
Cada um
passa a ter
Caminho
próprio afinal
Cada um
em sua casa
Cuidará
da própria asa
Etcetera
e coisa e tal
As
divisões aconteceram
Nomes
foram modificados
Os
municípios vizinhos
Cada um
com seus cuidados
Divisas
territoriais
E
outras medidas tais
Em
documentos registrados
De 31
de Dezembro
Do ano
de 36
Até a
presente data
Nenhuma
mudança se fez
Continua
inalterada
Não
mexeram mais em nada
Tudo se
encaixou de vêz
O
Decreto 10.724
Do
Município em Questão
Que um
dia foi BREJO GRANDE
Depois
também BARRACÃO
Não se
alterou mais nada
RIO
REAL está firmada
Nada
mudou desde então
Domingo
é o dia da feira
La vem
corre-corre danado
As
produções escoando
Tem
gente dentro do mercado
Beleza
de arquitetura
Faz
parte da nossa cultura
E é
desde há muito passado
Cerâmica
e Tangerina
Laranja
aqui muito tem
É um
dos maiores produtores
Eu digo
e afirmo também
De todo
Estado da Bahia
E é
para nossa alegria
Que
muitos pra cá sempre vem
A bacia hidrográfica que banha
É composta por vários rios
Entre eles o Itapicuru
Fazendo curvas e desvios
Pequara e o Brejinho
Vão segundo seu caminho
Desbravando desafios
Quem nasce em Rio Real
ÈRealense sim senhor
Tem nome de realeza
Tão bonito seu doutor
Este Rio é tão Real
É do solo
nacional
Nosso
orgulho, nosso amor
Por
que o nome RIO REAL?
Vamos
conhecer a fundo
Abrigou
a comitiva
Com
um prazer tão profundo
E
recebeu orgulhosa
A
visita em verso e em prosa
Do
Rei Dom Pedro Segundo
Faça um
passeio cultural
Conheça
nossa cidade
Visite a
área rural
Para falar
de verdade
Historias
da escravidão
Estão ali
neste chão
Com sua
autenticidade
CARLOS SILVA – POETA CANTADOR Poeta, cantor,
compositor e pesquisador das tradições orais brasileiras. Carlos Silva é um
expoente da cultura popular envolvido com a identidade do povo nordestino
sertanejo. Através de oficinas para formação de professores o poeta sertanejo
divulga a versação como possibilidade pedagógica e multiplica o alcance da
poesia popular, tendo inúmeros textos utilizados em ambientes de ensino
aprendizagem. Sua atuação artística e autoral carrega jeito simples e gestos
nobres dos que entendem a Arte como inerente ao que é humano. Carlos Silva vem
da tradição dos menestréis autodidatas que se atreveram ocupar os centros
urbanos e impor sua Arte a todos que por eles passam sem, no entanto, perder a
sertanidade anímica.
No alforje tem 4 cds
gravados, dois livros de poesia, 40 livretos de cordéis de variados temas e
documentário sobre Itamira, BA, cidade onde fora criado. Por conta de se fazer
militante da cultura, foi escolhido Conselheiro Estadual de Cultura, da Bahia
representando o Litoral Norte e Agreste Baiano. Atualmente, prepara novo CD
onde abordará outras possíveis vertentes de sua criação artística.
Contato (75) 99269 0497
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